
O Telegrama do Asdrúbal!
22-01-2012 15:00O Asdrúbal estava desempregado há meses. E com a resistência que só os Portugueses têm, o Asdrúbal foi tentar mais uma vez arranjar emprego, noutra entrevista. Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e perguntou-lhe:
- Qual foi seu último salário, Sr. Asdrúbal?
- Foi o salário mínimo, Sr. Doutor.
- Pois se o Senhor for contratado, ganhará 10 mil € por mês!
- A Sério, Doutor?
- Que carro é que o senhor tem?
- Olhe agora, de verdade, eu só tenho um carrinho para vender Cachorros na rua e um carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar connosco ganhará um Audi para si e um BMW para a sua esposa! Tudo novo!
- A sério?
- O senhor viaja muito para o estrangeiro?
- Não Doutor, o mais longe que eu fui, foi para Fiães, em Santa Maria da Feira, para visitar uns parentes da minha mulher...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.
- A sério?
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (6ª feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso a cancelar, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas estas regalias que eu citei. Então já sabe: se NÃO receber um telegrama a cancelar até à meia-noite de amanhã, o emprego é seu!
O Asdrúbal saiu do escritório radiante, a pular de alegria. Agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum telegrama. Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E o Asdrúbal reuniu a família e contou as novidades da entrevista de emprego.
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa à base de muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de cerveja aberto. Às 9 horas da noite a festa fervia.
A banda tocava, o povo dançava, a bebida escorria pelas goelas abaixo. Dez horas, e a mulher do Asdrúbal estava aflita, achava aquilo tudo um exagero... A vizinha boazona, interesseira, já se rossava no Asdrúbal.
E a banda tocava!
E a cerveja escorria gelada!
O povo dançava!
Onze horas, e o Asdrúbal já era o rei do bairro. A gastar uma fortuna, para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meia aflita, meia alegre, meia estúpida com aquilo tudo, meia assustada.
Às onze horas e cinquenta e cinco minutos... Depois de virar a esquina do bairro, a buzinar feito maluco, um gajo numa motorizada vermelha...
Era dos Correios!
A festa parou!
A banda calou-se!
A tubagem engasgou-se!
Um bêbado arrotou!
Uma velha peidou-se!
Um cão uivou!
Meu Deus, e agora? Quem iria pagar a conta da festa?
- Coitado do Asdrúbal! Era a frase mais ouvida.
- Atirem água á churrasqueira!
A cerveja aqueceu!
A mulher do Asdrúbal desmaiou!
A motorizada parou!
O Gajo desceu e dirigiu-se ao Asdrúbal:
- Senhor Asdrúbal dos Anjos Fonseca Alarcão e Silva Rato Bandeira?
- Si, si, sim, so, so, sou eu...
A multidão não resistiu...
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
E o gajo dos correios:
- Tenho um telegrama para o senhor...
Asdrúbal não acreditava... Pegou no telegrama, com os olhos cheios d’água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Não se ouvia sequer uma mosca! Asdrúbal respirou fundo e abriu o envelope do telegrama a tremer, enquanto uma lágrima caía, molhando o telegrama. Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. O povo em silêncio aguardava a notícia e perguntava-se em sussurro:
- E agora? Quem vai pagar esta festa toda?
Asdrúbal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava... Então, o Asdrúbal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico:
- A Mãe morreeeeuuu! A Mãe morreeeeuuu!!!!!!!
Podem continuar com a festa!
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